20 dezembro 2007

Panis et Circensis

Interesses difusos andam enchendo algumas reuniões que freqüento. Crescem na mesma proporção os participantes quanto mais farta for a mesa. Não interessa muito o que será discutido, mas o cardápio.

Disfarçados de gente preocupada com os destinos da nação, do aquecimento global, das comunidades desassistidas, da coleta seletiva de lixo, dos direitos das minorias que se mostram cada vez mais maiorias, importa mesmo é o rega-bofe.

Na falta de outro argumento as bolas da vez são o Natal e o Ano Novo, profundamente descaracterizados e servindo de trampolim para toda sorte de mazelas e apelos sentimentalóides político-eleitoreiros, marqueteiro-propagandísticos tornando-se festas sem propósito.

No Japão de antes da II Guerra Mundial não havia Natal, um costume levado pelos soldados norte-americanos. Nessa época do ano a Terra do Sol Nascente é marcada por solenidades diversas, rituais e celebrações. O Shogatsu não se parece em nada com o que temos por aqui. Aqui temos agora o Rap das Armas.

O Brasil está sem identidade, sofrendo de anomia social com o povão sendo conduzido pela mesa mais farta. (leia-se, distribuição de guloseimas absolutamente desprovidas de valor energético). As insurgências nascem desse estado apático de coisas, onde todo mundo sabe o que precisa ser feito e ninguém faz nada.

O modelo velho se estrebucha, tentando de todo jeito um modo que coopte adeptos para sua causa, mas a raíz dos problemas não é atacada.

Julgar o status quo do agora é passível de leviandade, toda mudança é dolorida e confusa e se éramos como criança imberbe e inocente, agora na adolescência, sofremos as dores do crescimento, desengonçados, questionadores do porque tudo não é mais como antes. Só em retrospectiva poderemos avaliar com mais precisão.

Na infância bastava um pirulito, um confeito colorido e nossas inquietações emocionais eram sossegadas. Na adolescência essas inquitações são "sossegadas" com shows megalômanos e muito barulho e álcool

Na idade adulta corremos atrás do dinheiro e da realização material e depois da satisfação interior. Será que daqui há alguns anos, teremos adultos?

Ainda estamos na infância, muitos pirulitos são distribuídos, por "zelosos papais" que não querem que reivindiquemos coisas mais substanciais. Continuamos com o "Papai do Céu" está te olhando para afugentar nossas birras.

Consciência é mais do que isso. Oxalá saibamos quebrar os velhos paradigmas de forma pacífica, ou quase.

De qualquer forma, espero que o Brasil entre em 2008 e quero dizer com isso "Nós os Brasileiros" com propósitos renovados, com espírito mais crítico e com conhecimento de causa. Kinga Shinnen ( Desejo um Feliz Ano Novo prá vocês). A outra opção é continuar na base do "Panis et Circensis".

Quo usque tandem abutere, Catilina, patientia nostra? (Marco Túlio Cícero)

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