04 setembro 2016

O cara-crachá das eleições

Em cada cidade deveríamos estar conversando sobre política, no sentido das verdadeiras necessidades dos cidadãos, sobre as liberdades, sobre a participação do estado, sobre a participação da sociedade (nós mesmos).

Não concordo com essa propaganda "cara-crachá" que rouba do cidadão a oportunidade de saber com quem está falando. 

Boas opções de pessoas dispostas a viver essas questões se perdem. As cidades são o ponto de sustentação das estruturas estaduais e na sequência as federais. 

Só nas cidades é que as pessoas podem falar diretamente das coisas mais próximas, dos problemas mais urgentes e da continuação daquilo que está bem encaminhado. Coisas que afetam de imediato as nossa vidas.

O país novo que muita gente deseja, será formado pelas cidades e pelos cidadãos.
E muita gente, digo por experiência própria, não faz a menor ideia do papel de uma Câmara Municipal, inclusive uma parcela preocupante dos candidatos. 

Por extensão nem desconfiam do poder que ela pode oferecer aos cidadãos.

Seja criterioso com seu voto, preste atenção nas pessoas em quem vai votar, não aceite dinheiro, nem favores obscuros, informe-se sobre promessas miraculosas.

Ou bem a gente começa a mudança ou nunca teremos a cidade que queremos e o país seguirá essa lambança que vem dos tempos do Cabral.

10 agosto 2016

Visão romântica da vida ou má fé é o que te move?

Olho para alguns que conheço, enfiando o pé numa empreitada, com discurso de 'mudança', com 'vou fazer a minha parte', num ufanismo provinciano, quiçá infantil e me pergunto:  - Visão romântica da vida ou má fé é o que te move?

O grande Quino, traduziu tudo isso em 6 frames
Tempos atrás presenciei o estarrecimento de uma outra certa pessoa, coroado com a frase -  "Se soubesse o tamanho da sujeira, jamais teria entrado" adornada com olhos assustados e pele pálida de puro pavor e no entanto, está lá a tal pessoa, tentando novamente preservar o status quo. 

Se tua vontade sincera é promover transformação, lembro que aqui fora há muitas frentes, questões profundas e sem solução imediata, exatamente por causa de 'outros' que chegaram onde vocês querem chegar ou permanecer e descobriram que nada pode ser feito dentro do que hoje vigora. 

E no meu entendimento a maior de todas as transformações é interior.

O povo nunca esteve no foco da República, como também nunca foi o foco do Império. A disputa no Brasil sempre foi para pertencer à elite, qualquer elite. E o povo que se lasque. 

Está acontecendo de novo.

Não preciso, sinceramente, desse teu espírito de desprendimento. Parece-me mais, vazio existencial, visão míope da realidade, egoísmo em seu estado mais puro.

Cabe um Brasil nessa passagem: 

"Nem se põe vinho novo em odres velhos; de outro modo arrebentam os odres, e derrama-se o vinho, e estragam-se os odres. Mas vinho novo é posto em odres novos, e ambos se conservam." (Mateus 9:14-17)

26 abril 2016

O mundo se liquefaz e não tem mais volta

O século 20 acabou e junto com ele os 19 séculos anteriores, um a continuação do outro. 

O século 21 não é a continuação, é outra coisa, que não pode ser encarada com nenhuma ferramenta que já conhecemos. Elas são feitas na hora, não tem linha de montagem, nem livro de regras, nem estoque. 

Em resumo, o século 21 é líquido, é quântico e o que ficou para trás é sólido e analógico.


Então pensa, qual resultado você espera obter no século 21, comportando-se com qualquer paradigma do 20?

A evolução tecnológica é apocalíptica. Vai jogar tudo fora do jeito como conhecemos hoje. E é antropófaga. Vai devorar-se cada vez mais rápido. Não tem volta.

A visão materialista e industrial, que reinou por séculos, vai desmoronando diante dos olhos de todos e pouca gente já percebeu.

Não há teoria ou tradição que se sustente, não há fórmula consagrada. O mundo em que todos estamos se liquefaz.


A discussão é sobre forma e conteúdo, onde a primeira definitivamente desaparece e a segunda incorpora em outras, sem levar mais em conta a rigidez dos limites que foram impostos pelo modelo atual.


Mesmo nas diversas partes do planeta em que o ser humano ainda funciona como em eras passadas, essa liquefação vai acontecer e vai pular o estágio pelo qual a nossa cultura ocidental e urbana passou.

Sempre foi assim, o mundo sempre viveu seus momentos de quebra de paradigma com espaços bem longos entre um modelo e outro e que foram diminuindo, na medida em que a tecnologia se aprimorou.

Mais do que mudanças profundas nas profissões, o próprio trabalho vai mudar de cara muito rápido. A forma está desaparecendo e é assim que se aprimora o conteúdo.

Não se trata de fim do mundo, mas do fim dos modelos, todos de uma vez. A capitulação dá a impressão de acontecer em partes como no passado e isso se dá especificamente por estarmos acostumados a não ligar os pontos, a insistir numa lógica linear.

É o caso de se reconsiderar aquilo que do ponto de vista físico, chamamos de matéria e por extensão, o que cria a "realidade".

Abandone os modelos duros. Abstraia.


Temos um neocortex, não há monstros, reaja menos, observe que o que está ao seu redor não é exatamente o que parece, somos Homo sapiens sapiens, já não há o que justifique um comportamento crocodiliano de pura defesa de território, sem nem mesmo saber o que nos rodeia.

Estamos todos interligados, somos a mesma energia, individuada. Não existe a separação, nem o lado de fora, nem o lado de dentro, é tudo a mesma coisa operando em frequências diferentes.

As condições de eras passadas que forçavam as criaturas a um nomadismo permanente em busca de segurança, alimento, a sobrevivência, não existem mais. O nomadismo consciente, viaja para a autoconsciência, a mudança é interior.

Transformar a figura do deus pedagógico para a consciência do poder infinito que habita em todas as coisas.

É que todo tudo, nasce sempre de um nada. O nada é o instante anterior, o tudo logo em seguida e no meio disso estamos nós e nada nos separa. E isso é o motor que movimenta o Universo.

A piada do mistério é que aquilo que procuramos, somos nós mesmos.

14 março 2016

Manga com leite e dissonância cognitiva

Talvez do que a sociedade brasileira em geral esteja sofrendo seja uma dissonância cognitiva.

O nome que se dá quando a pessoa vê, ouve ou lê uma informação qualquer e não entende o que está sendo visto, falado ou lido.

Ou mesmo interpretando de acordo com os seus preconceitos, tabus, filtros, traumas ou bloqueios.

Em defesa ao ego, o humano é capaz de contrariar mesmo o nível básico da lógica, podendo negar evidências, criar falsas memórias, distorcer percepções, ignorar afirmações científicas e até mesmo desencadear uma perda de contato com a realidade (surto psicótico).

O Brasil está passando por isso em todos os sentidos.

Aponta culpados onde talvez não existam, mistura cargos políticos em suas atribuições e responsabilidades e cargos executivos da mesma maneira e o rol de atribuições próprias de cada um. 

E aí temos essa grande salada que mistura berinjela com doce de leite e coloca a culpa nos dois pelo gosto ruim.

Socialmente falando, requer paciência. Não fomos acostumados a participar ativamente em todo o tecido social e mais, fomos acostumados a ver separação entre padrões financeiros, direitos, gênero, aparência.

O poder de decisão sempre foi transferido a alguém, o direito de voz também, herança das mais tristes de um processo que remonta aos tempos de colônia e ao qual, muitos ainda estão apegados.

Costumo me referir a isso como “guardar o defunto na sala”, vigiando tudo, determinando as regras, os costumes e prevendo a “consequência natural” de cada ocorrido, não obstante seu estado obviamente morto. Ou o retrato do ancestral na parede.

As estruturas de poder vigentes utilizam essa dissonância cognitiva para estabelecer as diretrizes e o “melhor” para essa massa obediente, como a rã mergulhada na panela de água fria e sob a qual se coloca fogo.

Quando a rã perceber o calor, já será tarde.

Nossos antepassados foram acostumados a aceitar esse estado de coisas, com medos básicos do tipo: “ruim com ele, pior sem ele”; “melhor um pássaro na mão que dois voando”; “quem acorda cedo bebe água limpa”; “manga com leite mata”; “rouba, mas faz” e uma infinidade de afirmações profundamente enraizadas no inconsciente coletivo dessas bandas da Terra com o propósito de manter a desconfiança e a usura como padrões comportamentais da sociedade e pelos quais, os mais espertos acabam por se favorecerem.

Agora, neste tempo em que segredos não ficam mais sob o tapete e que uma quantidade de pessoas percebe o esbulho a que foram submetidas, ainda por força das inúmeras crenças restritivas a que foram submetidas por cinco séculos, cria-se um verdadeiro ambiente de caos, do qual aquelas velhas forças se servem ainda para ocuparem os melhores lugares dentro da sociedade.

A internet conectou tudo e todos, numa velocidade muito maior do que mudança de antigos paradigmas e por conta disso, esse turbilhão de informações acaba por soar sem sentido para muita gente.

Depois de assado o peru, é tempo de limpar a assadeira, tarefa bem trabalhosa por sinal e que requer paciência e muito sabão.

O Brasil de hoje é uma grande assadeira que precisa ser lavada e o peru de antigamente já não satisfaz mais, mas a fome continua e a diversidade de opções e jeitos de se preparar a comida, criou mais bagunça ainda na cozinha.

Já aconteceu outras vezes, com o povo esperando do lado de fora a solução do cozinheiro. Já comemos cru e queimado, frio e sem tempero, já ficamos com o prato vazio e a única solução é lavar bem as mãos, colocar a touca e o avental, pelo menos para saber de que jeito estão fazendo aquilo que nos vão oferecer.

Dá trabalho, mas fora isso significa continuar comendo o mesmo peru, com o mesmo gosto e nas mesmas porções, resmungando baixinho por não agradar o paladar.

Dissonância cognitiva se cura com paciência e estudo, com participação e responsabilidade e com disciplina.

13 março 2016

É preciso quebrar a maldição do trono vazio


“Vaca profana põe teus cornos/Pra fora e acima da manada” (Caetano Veloso)


“Scaramouch, scaramouch, will you do the Fandango” (Freddie Mercury)


Ouça o discurso de João Goulart em 13/03/1964. (52 anos hoje)

Não deixa de ser uma oportunidade de limpar um trecho da história. Se conseguirmos passar por essa grande turbulência, sem tanques, será um grande passo. E sem mártires também

Em 1889 a nobreza dançava na ilha; os militares tramavam no clube e o povo dormia.

Em 1964, os extremistas disputavam o Brasil à tapa e um general à mineira colocou os tanques na rua. O povo dormia. Em 2016 o Brasil precisa acertar seus ponteiros com a história.

Vamos juntar forças para limpar o Brasil do que verdadeiramente não presta (seja quem for), ou vamos contabilizar os mortos??

Aos patetas úteis de todos os matizes, uma lembrança:

- O "Poder" em todas as fases da história conhecida do mundo, sempre se lixou para a militância. Um papel higiênico, que uma vez cumprido o propósito, vai, sujo e amassado para a lata do lixo.

Não acredito em movimento social, não acredito em mudanças pela força das massas, o resultado disso é outra elite mandando.

As redes sociais estão chatíssimas e os posts pró e contra em sua maioria ou ofendem, ou mentem, ou fazem piada.

Nada é mais forte que um, que tenha plena consciência de sua capacidade e que aja. A mudança vem de dentro, vem do centro de cada um, não da manada, que sai para a rua gritando a palavra de ordem cantada no carro de som. Seja vermelha, seja verde-amarela, seja o que for. Seja brandindo facões e foices ou balançando bonecos no ar.

Chega de pantomima, chega de marionetes, chega de peitos medalhados, chega de faixa, chega de torcida.


Efeito novela


Ou padrão BBB. Tirar ou deixar os governantes, julgar ou não os empreiteiros, os políticos, os lobistas? Será verdadeiro ou falso? Esperar pela Olimpíada? Combater o Aedes? Esquecer a Tragédia de Mariana? Largar a Serra da Capivara à própria sorte? Dar uma banana ao Rio São Francisco? Nós que nunca fomos cidadãos, seja por medo ou pela zona de conforto, temos um país inteiro para reorganizar, um mundo de informação para digerir.

Não se muda o destino do todo sem a transformação interior, da construção do brio individual. Nem com decretos.

Chega de radar, faixa de pedestre, lombada eletrônica, rebite, chega de hora marcada, chega de migalha.

Chega de regência trina, de junta, de farda, de populismo barato, de ídolos. A salvação do Brasil será o resultado do esforço individual. A salvação do Brasil é efeito. A causa, cada um de nós.

Chega de vassourinha, de 50 anos em cinco, de Brasil Ame-o ou deixe-o, de caçador de marajás, chega de país do futebol, chega de slogan.

Há 500 anos nos momentos de encruzilhada política, uma parcela significativa da sociedade brasileira apenas assistiu e às vezes sequer ficou sabendo, se não bem depois.

A primeira vez é sempre atrapalhada e incompleta, mas o treino e o tempo...........

As crises, todas elas, são um sinal forte de que os modelos vigentes expiraram. Esqueça as bases sobre as quais construímos o mundo nos últimos 300 anos pelo menos. Elas eram analógicas, materialistas e concretas e o mundo de hoje é espiritual, digital e líquido. Não há parâmetro. Invente tudo de novo.

Amaldiçoada sala do trono, usurpada, a qual tantos querem e nenhum permite que seja ocupada.

Safadezas temos, a bem da verdade, desde que a esquadra aportou nas areias da Bahia.

Na minha visão, o nó górdio é bem mais tarde, na fria madrugada de novembro de 1889. Colocaram o Imperador no navio do exílio e não sabiam o que fazer com o trono vazio.

Não sabem o que fazer até hoje.

Politicamente pensando, o Brasil parou no tempo em 15/11/1889. Mandaram o Imperador embora, achando que o trono vazio era a solução. Brigam até hoje por ele e dão as costas ao país.

Quebrar a maldição é a chave para isso.

05 março 2016

Brasil precisa acertar seus ponteiros com a história



Um crocodilo é puro território. Ele não faz nenhuma concessão. Entrou no território dele, ataca. Não somos crocodilos. Não precisamos nos comportar como tal.

Não deixa de ser uma oportunidade de limpar um trecho da história.

Se conseguirmos passar por essa grande turbulência, sem tanques, será um grande passo. E sem mártires também.

Politicamente pensando, o Brasil parou no tempo em 15/11/1889. Mandaram o Imperador embora achando que a cadeira vazia era a solução. Brigam até hoje por ela e dão as costas ao país.

Em 1889 a nobreza dançava na ilha; os militares tramavam no clube e o povo dormia.

Em 1964 os extremistas disputavam o Brasil a tapa e um general à mineira colocou os tanques na rua. O povo dormia.

Em 2016 o Brasil precisa acertar seus ponteiros com a história.

Vamos juntar forças para limpar o Brasil do que verdadeiramente não presta (seja quem for), ou vamos contabilizar os mortos??

Aos patetas úteis de todos os matizes, uma lembrança:
- O "Poder" em todas as fases da história conhecida do mundo, sempre se lixou para a militância. Um papel higiênico, que uma vez cumprido o propósito, vai, sujo e amassado para a lata do lixo.

13 fevereiro 2016

Oswaldo Cruz chacoalha na tumba

O que eu mais vi até agora com relação ao Zika, microcefalia, dengue, chikungunya, nyong-nyong e os mais de duzentos tipos de vírus que o Aedes aegypti é capaz de proliferar, foi do "mise-en-scène" ao catastrofismo

E quase nenhuma informação concreta. A verdade.

No início do século 20, o sanitarista Oswaldo Cruz empreendeu uma verdadeira cruzada para erradicar a Febre Amarela e a Varíola no Rio de Janeiro, sob protestos da sociedade e da imprensa da época | Leonidas Freire (1882 - 1943) - O Malho, nº 111, 29/10/1904, Domínio público

Não se trata de questionar a gravidade da situação. Quero o nome dos irresponsáveis e é isso que não estou vendo.

De repente o já velho conhecido Aedes aegypti ocupa glamourosamente o noticiário e lança um oceano de dúvidas sobre nós, os pobres mortais.

O achismo em torno do assunto é o mais preocupante. A ânsia de evidenciar o mosquito pode na verdade estar camuflando a sucessão de erros e omissões por parte dos governos e das autoridades sanitárias.

Junte-se a isso a desinformação da população que não raro no Brasil é praxe. Ninguém fala, ninguém escuta, ninguém procura saber e se algum abnegado resolve por 5 minutos explicar a ligação entre as coisas, já é rotulado de chato.

A mim parece quase óbvio que a questão saneamento básico está no centro dessa celeuma. O relatório da Abrasco, aborda o assunto em uma nota técnica e confronta as soluções usuais adotadas pelo Poder Público. Um vídeo da TV Globo, também informa de maneira bem direta pequenos cuidados para se evitar o mosquito, a bióloga e pesquisadora da USP, Margareth Capurro, explica as preferências do Aedes e enfatiza a importância de erradicar possíveis criadouros dentro de casa.

Depois de ler a nota técnica da Abrasco e assistir o vídeo da pesquisadora, dá para concluir que o fator higiene é preponderante no fortalecimento ou enfraquecimento do Aedes.

O Brasil tem mais da metade da população sem acesso a saneamento básico. Em um ranking de 200 países o Brasil ocupa o 112º lugar, segundo o Instituto Trata Brasil. São mais de 100 milhões de brasileiros sem acesso a este serviço.

A combinação desses fatores pode estar muito mais associada aos surtos e eliminar o criadouro é mais importante que eliminar o mosquito. Ou seja, combater a causa e não o efeito.

Voltemos então a atenção à questão do saneamento básico

A campanha de Mobilização lançada hoje é um primeiro e importante passo, mas não vai surtir efeito onde o saneamento básico é deficitário. Os mutirões deveriam acontecer sob o comando das prefeituras, mudando as estratégias de eliminação do criadouro. Forças-tarefa ao estilo Oswaldo Cruz, que tão bravamente combateu a Febre Amarela e a Varíola no início do século 20 na então imunda cidade do Rio de Janeiro.

Movimentação política

O deputado federal Odelmo Leão (PP-MG), publicou hoje (13) uma nota em seu perfil no Facebook citando que diante da iminência de epidemias associadas ao Aedes e dentro de sua atribuição parlamentar, apresentou uma emenda à Medida Provisória 712/16 do governo federal, que propõe maior rigor na adoção de medidas de prevenção e vigilância em saúde no combate ao mosquito transmissor dos vírus da Dengue, Chikungunya e do Zika Vírus.

A emenda propõe a obrigatoriedade aos proprietários de imóveis desocupados e de estabelecimentos com áreas abertas com potenciais focos do inseto de serem responsabilizados, com multa, caso não tomem as medidas preventivas para eliminar os criadouros.

O texto também define a responsabilidade solidária a quem detenha legalmente a posse ou o uso dos imóveis, que, eventualmente estejam desocupados, inclusive, atribuindo essa responsabilidade às imobiliárias. A emenda também determina que haja campanhas educativas com visitas e supervisões periódicas nestes locais com maior risco de haver a proliferação do mosquito vetor das três doenças.

A mobilização pessoal

A atitude que talvez surta efeito mais rápido é a mobilização de quarteirões. Faça um mutirão em sua própria casa e verifique se não há nenhum candidato a criadouro de Aedes aegypti no seu próprio quintal. Na minha casa há mais de cinco anos cobri todas as janelas e portas com tela, eliminei todos os pratos de suporte aos vasos e enxugo a casa depois de uma chuva ou da faxina geral semanal. Tive dengue em 2004 e não quero repetir a experiência.

Evitar o criadouro é fundamental. Isso feito converse com seus vizinhos e sugira o mesmo. Ande pela calçada do seu quarteirão e avalie se existe algum lugar de risco e avise a Prefeitura.

Em Uberlândia temos o Serviço de Informação Municipal (SIM): (34) 3239-2800

Informe-se sobre os sintomas e boa sorte.

Enquanto escrevia esse texto, saiu a notícia de que o Rio Grande do Sul, suspendeu o uso do Pyriproxyfen, um dos larvicidas que é apontado na nota técnica da Abrasco que citei acima, por suspeita de provocar a microcefalia, também associada ao Zika-vírus.

Parece que o caminho para o consenso é longo e a solução mais rápida é mesmo a higiene da casa e do corpo. Coisa possível apenas para quem tem os meios para isso. 100 milhões ainda são grupo de risco.

No país em que os problemas de Educação, resolvemos com a Polícia Militar, os de Saúde com as Forças Armadas e mais da metade dos brasileiros não tem acesso a Saneamento Básico, a culpa é do mosquito. Oswaldo Cruz chacoalha na tumba.

08 fevereiro 2016

Cronologia rápida e aleatória de um país em surto

Pintura de Christoffer Wilhelm Eckersberg*

A construção da identidade de um país é óbvio, um longo processo que aglomera e separa aspectos positivos, negativos e neutros. No resumo e metafórico, um permanente cachorro caindo do caminhão de mudança

Não é o objetivo aqui desfiar um longo tratado, nem avaliar o processo histórico, nem acusar ou defender o que quer que seja, mas convidar para uma reflexão pessoal.

O mundo vem surtando há quinze anos, os saltos tecnológicos ligeiríssimos trouxeram uma geração que "smartphona", "whatsapeia" e outros tantos nomes que aparecem das mais inúmeras formas. Eles escrevem com o dedão, criam neologismos e definitivamente pensam mais rápido, muito mais rápido.

Essa geração não significa o novo, significa outra coisa. Ela é outra coisa e só o aspecto humano é que se parece com o que já estava por aqui.

Alguém que já estava aqui antes desse período, pode quando muito entender o movimento, mas não consegue participar dele, vai morrer nas beiradas. O fenômeno vai muito além da compreensão da maioria de idosos a partir dos 25 anos. Nada pode ser definitivo.

Pano rápido


Aqui vai um recorte no Brasil de 1960, efervescente, de capital recém inaugurada, de luzes no fim do túnel, de presidente disposto a varrer a bandalheira (precisa estudar história para entender o cenário anterior). E oito meses depois a vassoura quebra, o vice assume um caldeirão social fervente, a senzala (no sentido do livro de Gilberto Freire) vai para a rua, levanta bandeira, canta palavras de ordem, pede reforma agrária. Booom.

Uma coluna de tanques acabou com a festa, quem não voltou para casa, levou borrachada (no mais amplo sentido), quem insistiu, bem, só estudando a história. Um período triste, não o primeiro, não todo silêncio, mas de murmúrios vigiados.

Pensei aqui de relance, D. Pedro II de chapéu e casaca, na madrugada chuvosa, embarcando numa lancha da Marinha, de lá para o "Parnaíba" e finalmente ao "Alagoas" junto com a Família Real para o degredo permanente.

Na minha visão, erramos feio na primeira transição. A República nasceu "coxa", pesada, pelas mãos dos ilustres senhores do dinheiro de então. Desde aí e até hoje, vigora a mesma lei, a de que só as elites decidem os destinos do país, metafórica ou não.

Nos 21 anos de Regime Militar, mais do que o silêncio dos que questionavam e discutiam o país, foi a falta de continuidade na construção de lideranças, que geração após geração modificam o caráter de uma nação. Só tinhamos um lado.

E esse estigma permanece pairando sobre nossas cabeças. Nossa condução da vida nacional ainda vigora de forma piramidal de cima para baixo, embora de 1985 para cá possamos espernear relativamente mais. Ainda sem efeito. O segundo capítulo da novela, teve um intervalo de 21 anos. Só entende quem viveu para ver.

As intrigas palacianas

Teria mesmo que deitar cabeça, coração e olhos na história, para esclarecer a mim mesmo que paralelo existe entre Renan Calheiros, Eduardo Cunha, Dilma Rousseff, Michel Temer, o STF, o Congresso Nacional, os partidos e os interesses da elite que transitou entre a Monarquia e a República. O papel de Deodoro, Floriano, Benjamin Constant, Emilio Mallet, D. Pedro II, Princesa Isabel. E outros tantos, além da própria índole do brasileiro comum.

Minhas elocubrações apontam que o "nó górdio" acontece entre o Baile da Ilha Fiscal e o Alagoas singrando o Atlântico com a Família Real à bordo, que só retornariam depois de mortos, numa espécie de pedido de reconciliação e remorso.

Monarca deposto, entreolharam-se os republicanos, achando que era o trono vago a solução de tudo e que bastava alguém ocupar o assento e tudo seria melhor.

Cena que se repetiu inúmeras vezes nos sucessivos abalos dos governos posteriores, de Deodoro a Vargas, de Juscelino a Goulart, de Castello Branco a Figueiredo, de Tancredo a Dilma Rousseff.

Por enquanto uma história que só aconteceu no ambiente dos Palácios.

A síndrome da coroa que a exemplo da espada mitológica do Rei Arthur, só obedecia as ordens de seu verdadeiro dono. Uma coisa também parecida com o Martelo de Thor, que Loki busca arduamente possuir. Opsss.........

Loki, metafórico, como não pensei nisso antes? Patrono do caos e inventor da rede de pesca. Faz sentido. Será Loki o patrono das redes sociais?

É o espírito de Loki que governa nosso momento presente, era Loki na década de 1960 que chacoalhava o provincianismo que há muito tempo vigorava. Nossos períodos de "chumbo" representam Loki prisioneiro aos pés da serpente que pingava veneno no seu rosto. Agora Loki está livre novamente, sabe usar o smartphone, sabe que o mundo dos mortais está conectado

Considerado um símbolo da maldade e traição, Loki e suas artimanhas causam problemas de curto prazo aos deuses que acabam como grandes beneficiários de suas peripécias.

Quem sabe dessa vez, Loki acabe por beneficiar também os mortais?

Cai o pano.

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*Baldr está caído, mortalmente atingido pela flecha atirada por Höd, seu irmão cego que está em pé à esquerda, próximo às armas. Odin está sentado no centro do clã de deuses e Thor à sua esquerda. Yggadrasil e as Nornas podem ser avistados ao fundo e Loki (a mão e os olhos que "ajudaram" Höd a mirar a flecha) na extrema esquerda da imagem, tenta disfarçar seu sorriso

06 fevereiro 2016

Você conduz a sua vida a partir das suas escolhas

Dito isso, não adianta você apontar o dedo para qualquer pessoa, situação ou coisa, querendo definir as regras.

Aliás, regras, devem limitar-se ao respeito pela minha integridade física: - Não me toque sem permissão e se dei permissão não me machuque. Tem que haver consenso e a dimensão do toque é proporcional.

As outras limitações estão no nosso controle pessoal:

-Se não gosto, não olho, não como, não ouço, não frequento, não falo sobre.

Opinião a gente guarda, avalia o resultado e aprimora o caráter.

Você não gosta de diversidade, problema seu, vai ter que arranjar um caminho para entender que ela existe e o ser humano não pode ser classificado segundo os seus restritos padrões de compreensão.

Aquilo que não pode ser feito, já está descrito na legislação. Cor de pele, condição sócio-econômica, diversidade de gênero, orientação religiosa, pessoas com deficiência, idosos, para todo lado que você olhar vai perceber que existe e não é você quem define isso.

Isso lhe confere o poder necessário para conviver em harmonia com quem se posiciona diferente de você.

Se a pessoa tira a roupa em público, a lei prevê o que deve ser feito, se fala palavrões, ou realiza suas necessidades fisiológicas, ou expõe os órgãos sexuais, ou desfere um soco, um tapa, um tiro, a lei também prevê. 

Liberdade - Pondere o tamanho do espectro que essa palavra representa e veja se é capaz de praticar em mão dupla.

Amor incondicional - Esse é possível, inclusive em silêncio.

Nenhum de nós sabe o tipo de drama ou necessidade interior que uma pessoa vive. Querer colocá-la dentro dos nossos padrões “elevados” pode até condená-la à morte.

Nossas guerras e tragédias em geral nascem daí, desde que o mundo se conhece e está na hora de mudar isso.

Somos uma população. Estamos todos juntos, ocupando o mesmo lugar.

05 fevereiro 2016

Novos tempos demandam novos hábitos

As coisas mudam hoje, muito mais rápido do que há alguns anos e não existe meio de negarmos essa transformação.

Até os idos de 1970, São Paulo recolhia seu lixo em latas de 18 litros ou caixotes de madeira e depois da passagem do caminhão (carroça) no final da tarde ou pela manhã nos locais onde a coleta era realizada de madrugada, as donas de casa saíam atrás de seus respectivos recipientes.

No início de 1972 o prefeito Figueiredo Ferraz, assinou a lei que adotava o saco preto de polietileno como único acondicionador de lixo doméstico, depois de uma longa batalha para convencer a população que era o melhor método.

Naquela época o lixo doméstico era basicamente orgânico e destinado a usinas de compostagem ou incineradores, o conceito de limpeza urbana era outro, mas nosso foco aqui hoje é mudança de hábito. De lá para cá muita coisa se transformou e em nada lembra o ambiente daquela época.

A realidade atual exige novas abordagens nas questões de lixo e sustentabilidade, a própria cidade, que em muitos casos ainda funciona como antigamente precisa repensar sua dinâmica. Não existe simplicidade, nem inocência que caibam numa visão urbana.

Nem mesmo o saco de polietileno preto, pode ser visto como única alternativa para o lixo, nem o lixo pode ser encarado como foi 40 anos atrás.

Talvez, parcelas significativas das gerações atuais, ainda resistam bravamente às novidades, como coleta seletiva, engenharia reversa, água de reúso, mas as gerações que estão brotando agora, vão na fase adulta encontrar esse mundo que se formata agora e vão agir com naturalidade. Seus dilemas e resistências serão outros que sequer podemos imaginar.

Então vamos ensinar os pequenos sobre a importância do consumo consciente, da importância de se manter o equilíbrio nas questões de sustentabilidade, vamos plantar e regar os conceitos que estão bem diante deles e relativizar o mais possível assuntos como "lixo", "água", "sustentabilidade" e "cidadania", bem mais amplos do que aqueles que nos foram passados.

Iniciativas em escolas, mesmo que de forma tímida, vão fortalecendo o conceito Em Barbacena, a professora de Geografia, Letícia das Mercês Silveira Costa, desenvolve o projeto “Sabão Ecológico”, em Ribeirão das Neves a professora de Biologia, Márcia Aparecida Silva, utiliza materiais reciclados para a revitalização do espaço escolar. “Estamos construindo bancos com pneus, uma horta vertical com garrafas pet e fazendo o plantio de mudas”, conta.

O momento é de reflexão sobre o papel dos recursos naturais para a qualidade de vida e para o desenvolvimento sustentável, bem como para o planejamento de ações a fim de se atingir esses objetivos.
Governos fazem sua parte, mas sempre são mais lentos e pontuais; a força maior está nas mãos da população, que pode através de mobilização, envolver a comunidade, visando o bem comum.

No frigir dos ovos é o caso de estimular o conceito de evolução ao invés do conceito de crescimento. Evoluindo, você maximiza o uso dos recursos e melhora o planejamento, crescendo você terá que sempre dispender mais recursos.

São Paulo está aí para demonstrar o paradoxo das enchentes em determinados pontos da cidade e a falta d'água acontecendo simultaneamente, por conta do crescimento que não respeitou o uso consciente do solo.
E para encerrar, Uberlândia também oferece alternativas nas questões ambientais. Há serviço de coleta seletiva domiciliar, o "cata-treco", aterro sanitário e ecopontos distribuídos, para onde pode ser levado o resíduo sólido da construção civil e pequenos entulhos até 1 m³. Questão de habituar-se.

Nossas mães e avós, resistiram bravamente ao saco preto de polietileno, muitos de nós ainda resistem aos hábitos de consumo consciente e coleta seletiva.

Acredito que as gerações futuras tenham outros dilemas e que serão mais leves e mais rapidamente resolvidos.

30 janeiro 2016

O mundo se liquefaz e não tem mais volta

A evolução tecnológica é apocalíptica. Vai jogar tudo fora do jeito como conhecemos hoje. E é antropófaga. Vai devorar-se cada vez mais rápido. Não tem volta.

A visão materialista e industrial, que reinou por séculos, vai desmoronando diante dos olhos de todos e pouca gente já percebeu.

Não há teoria ou tradição que se sustente, não há fórmula consagrada. O mundo em que todos estamos se liquefaz.

A discussão é sobre forma e conteúdo, onde a primeira definitivamente desaparece e a segunda incorpora em outras, sem levar mais em conta a rigidez dos limites que foram impostos pelo modelo atual.

Mesmo nas diversas partes do planeta em que o ser humano ainda funciona como em eras passadas, essa liquefação vai acontecer e vai pular o estágio pelo qual a nossa cultura ocidental e urbana passou.

Sempre foi assim, o mundo sempre viveu seus momentos de quebra de paradigma com espaços bem longos entre um modelo e outro e que foram diminuindo, na medida em que a tecnologia se aprimorou.

Mais do que mudanças profundas nas profissões, o próprio trabalho vai mudar de cara muito rápido. A forma está desaparecendo e é assim que se aprimora o conteúdo.

Não se trata de fim do mundo, mas do fim dos modelos, todos de uma vez. A capitulação dá a impressão de acontecer em partes como no passado e isso se dá especificamente por estarmos acostumados a não ligar os pontos, a insistir numa lógica linear.

É o caso de se reconsiderar aquilo que do ponto de vista físico, chamamos de matéria e por extensão, o que cria a "realidade".

Abandone os modelos duros. Abstraia.

Temos um neocortex, não há monstros, reaja menos, observe que o que o que está ao seu redor não é exatamente o que parece, somos Homo sapiens sapiens, já não há o que justifique um comportamento crocodiliano de pura defesa de território, sem nem mesmo saber o que te rodeia.

Estamos todos interligados, somos a mesma energia, individuada. Não existe a separação, nem o lado de fora, nem o lado de dentro, é tudo a mesma coisa operando em frequências diferentes.

As condições de eras passadas que forçavam as criaturas a um nomadismo permanente em busca de segurança, alimento, a sobrevivência, não existem mais. O nomadismo consciente, viaja para a autoconsciência, a mudança é interior.

Transformar a figura do deus pedagógico para a consciência do poder infinito que habita em todas as coisas.
É que todo tudo, nasce sempre de um nada. O nada é o instante anterior, o tudo logo em seguida e no meio disso estamos nós e nada nos separa. E isso é o motor que movimenta o Universo.

11 janeiro 2016

Bye Bowie

Album cover shoot for Aladdin Sane, 1973. Photograph by Brian Duffy © Duffy Archive
Cada um de nós é um cometa, com sua própria trajetória. Nascemos todos para brilhar e alguns levam isso ao pé da letra.

Até que um dia, por motivos que ainda nos escapam, os cometas mudam de órbita levando consigo o rastro luminoso.

There's a starman waiting in the sky

Foi ver se existe vida em Marte e com certeza um dia volta para contar.

Thank You :D 




10 janeiro 2016

Enfeitando o defunto no centro da sala

Todas as trapalhadas e personagens obscuros ao nosso redor.

O lado triste é que em 64 um general afoito, colocou os tanques na rua e deu no que deu. 

Hoje a hipótese dos tanques está fora de cogitação (Graças a Deus) - E não sabemos o que fazer. 

Safadezas temos desde a fria madrugada de 1889. Colocaram o Imperador no navio do exílio e não sabiam o que fazer com o trono vazio. Não sabem o que fazer até hoje. Quebrar a maldição é a chave para isso.

Scaramouch, scaramouch, will you do the Fandango.

Pensando Uber

No início do século 20 a crença de que o automóvel barulhento era uma moda passageira, fez com que alguns fabricantes de carruagens investissem pesado na sofisticação e luxo desses carros. 

Faliram todos. 

Não existe modelo eterno.... Hoje, mais do que em qualquer tempo e em todas as áreas da vida.


jornal web Farol Comunitário

Pode acreditar

Tudo vale a pena se a alma não é pequena - Fernando Pessoa